O Ministério Público Federal requereu ao juiz federal Sérgio Moro que mantenha a ordem de prisão preventiva do lobista e operador de propinas Adir Assad, que voltou a ser capturado na sexta-feira, 19. A força-tarefa da Operação Lava Jato alegou garantia da ordem pública, da ordem econômica e da instrução criminal.
Investigado em diversas operações contra corrupção, Adir Assad foi alvo de três mandados de prisão em pouco mais de um ano – Lava Jato, no Paraná, Operação Saqueador, no Rio, e Operação Pripyat, desdobramento da Lava Jato no Estado fluminense.
Na terça-feira, 16, o Superior Tribunal de Justiça deu habeas corpus para o lobista em sua prisão na Operação Saqueador. O juiz da Lava Jato alertou que havia “ordem de prisão vigente” contra Adir Assad na Justiça Federal do Paraná e o lobista voltou a ser preso.
Na petição, a Procuradoria da República, alegou “alta probabilidade de que Adir Assad persista com as atividades criminosas, mesmo se colocado em prisão domiciliar”.
“Investigações em curso no âmbito da Operação Lava Jato relacionadas ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht revelaram que Adir Assad atuou em favor do grupo empresarial, realizando diversas operações milionárias destinadas ao fornecimento de recursos em espécie destinados ao pagamento de valores ilícitos a agentes públicos.
Tais operações teriam sido realizadas ao menos até o final do ano de 2014, isto é, após a própria deflagração da Operação Lava Jato, conforme demonstram anotações referenciadas como ‘Operação Kibe’ e ‘Operação Esfiha’ em planilha denominada ‘Exchange: histórico das contas de clientes'”, apontou a força-tarefa da Lava Jato.
Os procuradores destacaram no documento anotações de operações referenciadas como “Kibe” datadas do mês de setembro de 2014, nos valores de R$ 1.049.750,00, R$ 2.137.500, R$ 307.275,00, R$ 2,2 milhões e R$ 698.975,00.
Apontaram ainda registros de agosto de 2014, nos valores de R$ 2,090 milhões, R$ 3,135 milhões, R$ 500 mil e R$ 3,775 milhões também indicadas como “Operação Kibe”, e de 20 de outubro de 2014, a “Kibe”, no valor de R$ 160.235,00, e a “Esfirra” no valor, de R$ 50 mil.
A força-tarefa apontou também depoimentos de dois delatores ligados ao “banco de propina da Odebrecht”, Vinicius Borin e Luiz Augusto França.
“Os colaboradores informaram que o papel exercido por Adir Assad e Samir Assad no esquema institucionalizado de lavagem de ativos operacionalizado pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht era o de operadores financeiros que recebiam valores do grupo empresarial no exterior e geravam valores em espécie no território nacional para o pagamento de vantagens ilícitas“, diz a Procuradoria.
Em seu depoimento, Vinicius Borin declarou que “as Operações ‘Kibe’ e ‘Esfirra’ dizem respeito às pessoas Adir e Samir, sendo irmãos, também residentes em São Paulo”.
O empresário Samir Assad foi preso em 10 de agosto pela Operação Irmandade, desdobramento da Operação Pripyat, braço da Lava Jato no Rio.
Em denúncia, a Procuradoria da República acusou Samir por 223 crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e organização criminosa, por supostamente liderar, ao lado do irmão Adir, o núcleo financeiro operacional responsável por empresas de fachada que intermediavam o repasse de vantagens indevidas e geravam caixa 2 para pagamentos de propina em espécie pela construtora Andrade Gutierrez a diretores da Eletronuclear na construção da Usina de Angra III.