Após receber tornozeleira eletrônica, o condenado por tráfico de drogas Leonardo Dias Mendonça, de 55 anos, apontado como “Barão do Tráfico” e ex-aliado de Fernandinho Beira-Mar, começou a cumprir pena em regime semiaberto, na segunda-feira (6), em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Conforme decisão judicial, ele deverá trabalhar durante o dia e dormir em casa.
Segundo o advogado de defesa Vitorino Gomes, Leonardo vai morar na casa de um irmão e só conseguiu o benefício porque teve “bom comportamento” e já cumpriu um sexto da pena. Ele revelou que o cliente irá trabalhar como assessor de vendas de uma empresa. A carta de emprego foi protocolada na Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP).
“Ele vai trabalhar como assessor de vendas, em uma jornada de oito horas diárias. Após o expediente, recolhe-se no domicílio. Ele atendeu a todos os requisitos legais para atender o direito ao regime semiaberto”, disse o advogado.
Leonardo tem histórico criminal por comércio internacional de drogas desde 1999 e já esteve na lista da Interpol por crimes em outros países. Ele estava preso no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
O “Barão do Tráfico” recebeu a tornozeleira na segunda-feira, na Central de Monitoramento Eletrônico do Complexo Prisional. Algemado, passou cerca de 30 minutos no local, recebendo informações sobre como lidar com o equipamento. Ao sair da central, Leonardo estava sorrindo para as câmeras.
Entre as regras estabelecidas está a restrição de locomoção. Conforme decisão judicial, ele só poderá se deslocar, durante o dia, na Região Metropolitana de Goiânia. Durante a noite, deverá ficar recolhido em casa, sendo proibido de frequentar bares, casas noturnas e restaurantes. Leonardo também está proibido de ingerir bebidas alcoólicas e consumir drogas.
Decisão judicial
A decisão que determinou, no último dia 2 de agosto, que o ex-aliado de Fernandinho Beira-Mar cumpra prisão em regime semiaberto foi expedida pelo juiz Oscar de Oliveira Sá Neto, que condicionou a liberação com tornozeleira eletrônica para o preso ao exercício do emprego.
Além de condicionar a progressão de regime ao emprego, o magistrado negou o pedido de prisão domiciliar. No entanto, como não há estrutura para que o preso possa pernoitar no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, deverá passar as noites em casa e o dia cumprindo expediente.
Crimes
Reportagem do “Jornal da Globo” sobre a prisão dele em 2002 aponta que Leonardo era considerado um dos chefões do tráfico na América Latina – chegando a ter mais expressão que o próprio Beira-Mar – e era procurado pelos governos dos Estados Unidos, da Holanda, da Colômbia e do Brasil.
A Polícia Federal apurou na época que ele se especializou em tirar a cocaína da região dominada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e espalhar a droga pelo mundo. Os investigadores se impressionaram com o poder financeiro dele, que comprava terras e gado para a lavagem do dinheiro do tráfico, assim como tinha influência sobre políticos e magistrados.
Investigações apontaram ainda que, de dentro do presídio, ele comandava uma das maiores quadrilhas especializadas em tráfico internacional de drogas do Brasil, com 35 pessoas. Após anos de investigação, a quadrilha foi desmantelada em uma operação conjunta do Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO) e da Polícia Federal (PF).
Denunciada pelo MPF-GO em dezembro de 2009, a quadrilha foi condenada pela Justiça Federal em 29 de julho de 2010. De acordo com a apuração, um dos fatores que mais contribuiu para facilitar a ação da quadrilha foi o uso de aparelhos celulares dentro do presídio.
Segundo as investigações, em apenas três anos – enquanto estava detido na Penitenciária Estadual Odenir Guimarães –, Leonardo trocou de celulares por, pelo menos, 50 vezes.
Blanco Advocacia – Advogado para o Crime de Tráfico de Drogas