Dentre os principais motivos pelos quais nosso país é classificado como Nação do Terceiro Mundo – os organismos internacionais ainda não criaram o Quarto Mundo – está, sem dúvida, o nível de eficiência nas áreas de educação e de tecnologia, que é baixíssimo, se comparado àquele vigente nos países desenvolvidos.
Os sucessivos governos, inclusive aqueles não-democráticos – que parecem pertencer ao passado -, alegam, invariavelmente, falta de recursos para os investimentos públicos, que são insignificantes, nas áreas de ensino e pesquisa, intimamente interligadas.
Os setores da economia privada, lamentavelmente, também não recebem incentivos governamentais suficientes para esse tipo de investimento.
Os meios de comunicação de massa, sumamente cartelizados, não têm demonstrado, nas últimas décadas, a menor preocupação com a educação extra-escolar do cidadão. Ao contrário, as emissoras de TV aberta, com raríssimas e honrosas exceções, prestam verdadeiro desserviço, ao veicularem, reiteradamente e sem qualquer autocensura, ou, ao menos, controle de horário de exibição, programação amoral (quando não imoral), fazendo apologia à violência, à impunidade e ao sexo desregrado. São constantemente banalizados, enfim, os valores morais e familiares, cuja preservação constitui a base de uma sociedade sadia, que busque um desenvolvimento seguro e sustentado.
Poucas são as ações e campanhas, públicas ou privadas, voltadas para a educação extra-escolar do cidadão.
Mas, felizmente, parece-me que, enfim, estamos acordando. Após a edição da Constituição Federal de 1.988, teve início uma espécie de “despertar”: o consumidor lesado procura os órgãos de defesa; o cidadão vai, com maior facilidade, aos Juizados de Pequenas Causas, para reclamar seus direitos; o povo bateu às portas do Judiciário, para defender-se dos confiscos antijurídicos e imorais, perpetrados por Governos anteriores; o eleitorado começa a censurar, por meio do discurso veemente e do voto, os maus políticos e os administradores corruptos: alguns deles já foram “queimados” e, felizmente, não deverão ser reeleitos; as organizações não-governamentais passaram a ter mais especo nos meios de divulgação, alertando o povo para os perigos decorrentes das cruéis e continuadas agressões ao meio-ambiente.
Permitir, em nome do “social” que continuem sendo impunemente praticados crimes, como, por exemplo, o contrabando, a evasão fiscal, ou a receptação, esta apoiada pelo crime organizado, a partir de latrocínios e roubos de carga, não levará a bons resultados.
Haverá de chegar, quiçá em breve, o dia em que o povo abandonará a teoria do “rouba, mas faz”, ou o “jeitinho” e o “quebra-gralho”. Haveremos de banir da cultura nacional e da consciência coletiva a confusão entre o conceito de “social”, tremendamente distorcido pela classe política e pela “mídia”, e a clandestinidade. O povo haverá de aprender a diferenciar o político honesto, imbuído de bons propósitos, daquele que, arvorando-se em “Salvador da Pátria”, continua a iludir o povo com promessas incumpríveis.
Cumpre, porém, apontar os aspectos positivos dessas mudanças de comportamento, como forma de manter acesa a eterna chama da esperança.
Afinal – alguém já o disse -, é melhor acender uma vela do que continuar amaldiçoando a escuridão.